GAMES 4U
 
24/06/2020

Redação Games4U

West of Dead: uma experiência rápida, dinâmica e implacável

Tiro, Acao, Terror, Xbox One, PS4, PC, Nintendo Switch 

West of Dead é um daqueles jogos que parecem ter sido tirados de uma história em quadrinhos - ou que, pelo menos, renderia uma ótima série através de um selo de HQs mais adultas como Vertigo, Image e principalmente Dark Horse. O fato é que o novo trabalho dos britânicos da Upstream Studio parece retirar muitas de suas influências de um dos maiores sucessos da editora de quadrinhos norte-americana.

Aqui nos colocamos na pele (ou nos ossos) de William Mason, um cowboy que acaba de morrer no pior momento possível, pois a Morte aparentemente sumiu do mapa e deixou o Mundo dos Mortos exposto a todo tipo de perigo. Já dizia aquele conhecido ditado: “Tudo que o mal precisa para prosperar é que bons homens não façam nada”. E assim, o pistoleiro parte em uma jornada para explorar este mundo de assombrações e pecados, em busca do paradeiro do coletor de almas. 

Em muitos aspectos, West of Dead parece um spin-off ambientado no universo do herói HellBoy, não só pela forma interessante como o jogo mistura elementos míticos e folclóricos para compor sua mitologia - como vaqueiros, bruxas e criaturas sobrenaturais -, mas principalmente pelo seu estilo artístico, que parece buscar forte inspiração nos traços de Mike Minhola, criador do herói demoníaco.

Com ângulos muito destacados, o design artístico do título abusa da presença de sombras em grande parte dos ambientes, que sempre são marcadas com tons frios e “lavados”, criando uma composição muito bonita e sombria, que parece ter saído de uma HQ de terror. O mesmo acontece com seu protagonista, que tem um visual que claramente é inspirado no Motoqueiro Fantasma. Essa equipe de criação deste jogo é muito fã de quadrinhos!

Mas estas influências são bem encaixadas no game e o resultado é uma composição artística que soa opressiva e interessante de ser explorada, apesar dos poucos detalhes e variações presentes nas ambientações, uma escolha muito característica do gênero deste título. 

Afinal, West of Dead é um roguelike, traz muitas convenções clássicas desse estilo de jogo, que tem a repetição como um de seus principais elementos. Através de um ângulo de câmera isométrico, o game pede que sigamos explorando os cenários e avançando pelos seus diversos níveis até que sejamos derrotados, para então começarmos novamente nossa jornada desde o início, embora a experiência sempre seja um pouco diferente a cada incursão.

Os ambientes são gerados aleatoriamente e sempre serão diferentes cada vez que você os revisitar após uma morte, assim como os itens encontrados pelo caminho ou que são vendidos em lojas espalhadas pelos estágios. É uma brincadeira que confere uma variedade interessante ao jogo, que obriga você a se adaptar aos itens que tiver a disposição naquele momento, enquanto incentiva a explorar os recantos sombrios deste mundo em busca de mais recursos.

Aventuras que são sempre pautadas por grandes combates repletos de tiroteios, como não poderia deixar de ser em um game que traz um cowboy como protagonista. O game busca criar uma experiência baseada nos grandes embates que vemos nos filmes de faroeste, com grandes trocas de tiros entre heróis e bandidos - e ele faz isso usando o seu sistema de armamento e os elementos dos cenários. 

Temos duas armas disponíveis, com quantidade limitada de balas, que precisam ser recarregadas após um determinado número de tiros. O que significa que não basta simplesmente entrar em uma sala atirando em tudo que se mexe, pois cada bala conta e ficar sem elas no momento errado só vai render uma passagem só de ida para o início do game. 

Saber alternar entre os armamentos que você tem é essencial para o sucesso no jogo, assim como usar os pontos de cobertura espalhados pelos campos de batalha. Basta chegar perto de uma área de cobertura e o herói rapidamente irá se proteger dos disparos dos adversários, enquanto recarrega seu armamento e pensa no próximo movimento. As ações que devem ser tomadas em pouco tempo, pois as proteções se deterioram conforme são atingidas pelos tiros dos inimigos. 

Assim, o game usa o seu sistema de armas e de cobertura para criar combates divertidos e com uma boa dose de estratégia, em que estamos sempre buscando atingir nossos inimigos, variando rapidamente entre nossas armas e habilidades especiais, enquanto buscamos um lugar para nos protegermos do contra-ataque dos oponentes. O resultado é um belo espetáculo de bangue-bangue, que rendem ótimos momentos. Atingimos em cheio nossos adversários, para em seguida pularmos no último momento para um abrigo, ganhando momentos preciosos até que nos erguermos de novo para descarregar nosso arsenal nos adversários, mandando-os direto o Além (ou pelo menos para outra parte do “Além”).

E como o game tem uma boa variedade de inimigos com tipos de ataques diferentes, estamos sempre nos adaptando a situação de cada novo confronto: que inimigo abato primeiro? Onde posso me esconder agora? Em que momento acerto este ponto de luz, para iluminar partes do cenário e para paralisar meus adversários? Estas são perguntas que surgem a todo momento e que muitas vezes devem ser respondidas por reflexo, já que os combates são rápidos e muitas vezes implacáveis, obrigando-nos a usar todos os recursos disponíveis para avançarmos no jogo. 

É um sistema de combate muito eficiente, apesar de alguns pequenos problemas, como um sistema de mira pouco efetivo nos controles. Uma pena que os confrontos não sejam embalados por uma trilha sonora mais dinâmica, que aqui soa apagada e desinteressante, servindo mais como um auxilio auditivo para nos indicar quando não existem mais inimigos no cenário, do que como um artifício usado para tornar esta aventura em um evento mais empolgante e interessante. 

Mas estes são detalhes que não atrapalham a experiência do game, que rende momentos bem divertidos. Claro que temos que nos adaptar à frustração de voltarmos sempre ao início do game a cada morte, o que pode ser bastante frustrante quando avançamos um bom pedaço do jogo, mas West of Dead apresenta um sistema de progressão competente. As fases podem ser exploradas em pouco tempo e sempre recompensam a exploração do jogador com novas armas e itens que melhoram nossos atributos conforme avançamos, fazendo com que progressivamente fiquemos mais fortes durante nossa jornada pelo Purgatório.

Além disso, o game também permite que mantenhamos alguns itens comprados durante a campanha com os pecados recolhidos dos inimigos abatidos. Nem tudo está perdido após a nossa morte, que se torna apenas uma passagem natural, embora ainda desconfortável, de nossa jornada.

É um título recheado de carisma, em grande parte graças à interpretação de Ron Perlman, que concidentemente interpretou HellBoy nos cinemas e empresta sua voz ao protagonista do game, empregando um estilo calmo e reflexivo ao herói. 

Com um estilo artístico de primeira e uma jogabilidade divertida e viciante, o trabalho da Upstream Studio é um ótimo título para os amantes de um bom roguelike e uma boa porta de entrada para os que ainda não conhecem o gênero. Um jogo descompromissado, para ser jogado em doses homeopáticas e não por horas a fio. Então, quando for jogá-lo (e recomendo que você o faça), coloque um podcast para tocar, relaxe e entre de cabeça nos tiroteios deste mundo sobrenatural. 

FICHA TÉCNICA

(Rafael Barbosa)

   

 

 

 

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