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Zombie Army 4: Dead War é um daqueles jogos que consegue chamar nossa atenção imediatamente, afinal, não são todos os jogos que conseguem unir dois dos vilões mais clássicos dos games (zumbis e nazistas) em um único e delicioso pacote pronto para ser explodido sem dó nem piedade.
A quarta edição do spin-off da série Sniper Elite vem ganhando cada vez mais força desde que surgir pela primeira vez, em 2013, ao nos apresentar um universo paralelo em que os nazistas recorreram a “magias proibidas” para trazer os mortos de volta à vida. Eles teriam criado um exército praticamente imbatível, que daria a vitória da Segunda Guerra Mundial ao exército alemão.
O game traz uma narrativa muito similar ao que vemos nos jogos protagonizados pelo tenente Karl Fairburne, com narrações em off que trazem um tom dramático sobre o conflito mundial enquanto dão os detalhes de cada missão. Isso pode se resumir facilmente a simplesmente destruir a maior quantidade de zumbis que encontrar no caminho até chegar ao seu objetivo.
Mas este é justamente um dos grandes acertos do game, que é direto ao ponto na experiência que quer proporcionar, deixando o lado stealth tático da franquia dos atiradores de elite para investir num gameplay mais despojado e dinâmico. Com um estilo arcade, o objetivo aqui é seguir pelos cenários enquanto eliminamos hordas cada vez maiores de mortos-vivos, onde sempre estamos em busca de pontuações mais altas, que se multiplicam de acordo com a velocidade e o modo como eliminamos os inimigos.
O objetivo do game é simplesmente matar o maior número de criaturas no menor tempo possível e o título abre caminho para que entremos de cabeça nesta brincadeira, ao apresentar inimigos que, embora apareçam em grandes hordas, podem ser eliminados com alguns poucos tiros e nunca se tornam realmente ameaçadores. Essa é uma decisão que faz com que nos sintamos poderosos frente a esses adversários caindo aos pedaços, pois mesmo que enfrentemos multidões de monstros loucos para colocar suas mãos (e dentes) em nós, raramente sentimos que não estamos no controle da situação.
Não importa se esses seres do inferno estejam avançando em nossa direção aos montes, tudo que você precisa fazer é puxar o gatilho sem dó - e ocasionalmente atirar algumas granadas - para que rapidamente a situação se torne mais confortável. O título ainda traz um sistema que valoriza a precisão nos abates, como tiros na cabeça ou mortes múltiplas com um único tiro, mas eles não são obrigatórios para se conseguir grandes pontuações e sempre é mais interessante simplesmente descarregar sua arma e liquefazer os inimigos na bala.
Mas para não deixar o jogador muito à vontade nesta brincadeira, ocasionalmente o game apresenta novos adversários que passam a aparecer em meio as hordas, o que obriga o jogador a adaptar sua estratégia e, também ocasionalmente, usar a situação seu favor. Um zumbi cheio de dinamite, por exemplo, precisa ser eliminado rapidamente antes que chegue até você, mas se derrubado no meio de uma multidão, vai voar pelos ares junto com o restante de seus companheiros decrépitos e abrir caminho para você facilmente eliminar os poucos que sobrarem.
E como aniquilar o maior número de inimigos possíveis não combina com escassez de recursos, sempre temos munições a disposição, o que traz uma certa “displicência” de recursos deliciosa ao jogo, que parece apenas querer que tenhamos sempre nossos pentes de bala cheios, para que possamos trucidar nossos inimigos sem preocupações pois uma caixa de munições sempre vai estar a logo adiante.
Uma pena que o game não seja tão despojado e original com suas opções de armamento, que são escassas e pouco interessantes. Entendo que o título traga um set específico de armas para que possamos evoluídas ao longo da aventura, enquanto também adquirimos novos talentos especiais graças as pontuações e kit conseguidos em cada missão.
A ideia é prática e funciona, mas esta escolha de game design deixa o jogador preso às mesmas armas por tempo demais. E como estamos restritos a escolher entre algumas opções de rifles, metralhadoras e pistolas, com o tempo usar apenas isso se torna um pouco enfadonho.
Disponibilizar mais armas especiais pelos cenários ou mesmo dar mais opções para que pudéssemos variar as armas que utilizamos traria mais dinamismo e variedade ao gameplay, porém Zombie Army parece ter escolhido se restringir apenas por ainda se apegar a sua série principal.
O game usa o mesmo sistema de armas que vemos em Sniper Elite, uma decisão que parece ter sido tomada por ser mais barato copiar o que já deu certo em um jogo do que investir para bolar um modo de armamentos exclusivo para a aventura. Mas não é preciso colocar as mãos no controle por muito tempo para ver que esta escolha simplesmente não funciona, pois os dois games têm propostas bem diferentes.
Para começo de conversa, rifles de precisão não são as melhores armar para se enfrentar hordas de mortos-vivos, e embora o game tente dar um ar especial ao armamento, trazendo as cenas tão clássicas da série Sniper Elite (nas quais vemos a bala seguir seu caminho até atingir seu alvo), o efeito não tem a dramaticidade nem os detalhes que vemos na série principal, tirando toda a graça da cena.
Mas a ênfase dada pelo jogo ao rifle de precisão cria outro problema, pois torna o set de armas do jogador pouco prática, já que para que a sniper possa “brilhar”, outras armas mais potentes são colocadas na mesma categoria (assim como acontece em Sniper Elite) e assim temos que escolher entre usar uma escopeta ou uma metralhadora, quando claramente ter as duas à disposição seria muito mais interessante.
O problema é que se tivéssemos esta opção, ninguém usaria o maldito rifle de precisão, que pode ser uma excelente arma nas mãos de Karl Fairburne, em sua luta contra os nazistas, mas que é apenas uma perda de tempo quando os inimigos não estão mais vivos.
O game traz uma campanha de tempo razoável, que nos leva a diversas localidades da Europa, embora os cenários teimem e soar meio parecidos demais uns com os outros em estética e principalmente no clima, um problema que seria mais ameno se a aventura investisse em ambientes à luz do dia. Afinal, se o apocalipse zumbi chegou, que diferença faz se é dia ou noite?
Porém o título parece querer manter as fases eternamente na penumbra, o que atrapalha a composição dos cenários, que poderiam ser um pouco menos genéricos e mais atentos aos detalhes, como os cartazes que encontramos presos as paredes em prédios ou outras construções, e que trazem apenas mensagens sobre “Mafia” ou “Pizza”.
Apesar de algumas escolhas equivocadas, Zombie Army é um título muito divertido de se jogar, principalmente com companheiros ao seu lado no modo multiplayer - e que estejam tão dispostos quanto você a livrar a uma aventura sem compromisso em que o que vale é mandar os zumbis de volta para o inferno.
É um jogo com um potencial gigantesco e que acerta na sua proposta principal de divertir o jogador, mas que carece de falta de coragem em se afastar de sua série principal e seguir seu próprio caminho, o que espero que aconteça em breve, afinal poucas coisas são mais divertidas do que “matar” aquele zumbi nazista que apareceu de bobeira na frente da sua metralhadora.
FICHA TÉCNICA
Desenvolvedora: Rebellion Developments
Produtora: Rebellion Developments
Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, PC
Lançamento: 4 de fevereiro de 2020
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(Rafael Barbosa)