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Depois que a franquia Crash passou por mãos de dezenas de empresas, Crash Bandicoot 4: It’s About Time vem como um presente aos fãs da saga original do marsupial mais querido do mundo dos games.
O game foi lançado pelo Toys for Boys, mesmo estúdio responsável pelo remake de Spyro The Dragon – outro game favorito da minha infância.
A empresa manteve a essência do jogo original e trouxe melhorias de jogabilidade e design. Desta vez, a história reescreve a cronologia da série e deixa de lado os acontecimentos dos sucessores da trilogia original – ou seja, temos aqui um jogo dedicado os jogadores de longa data de Crash, que há anos não experimentavam nada parecido com os títulos originais.
O objetivo é o mesmo: pular nas caixas que dão pontos, deslizar por obstáculos, se esquivar de inimigos, atacá-los com giros e cair - incontáveis vezes! - nas armadilhas com caixas de TNT. Ainda é preciso ter bom reflexo e agilidade na hora de realizar comandos no controle.
Eu penei muito logo nas fases iniciais, principalmente nas fases bônus, que você acessa através de plataformas com o ícone “?” no centro, e te transportam para um curto trecho de desafio que concede muitos pontos se você conseguir completá-lo com êxito.
O game me pareceu muito desafiador. Algumas situações e obstáculos que parecem simples estão cheios de armadilhas e pregam a ilusão de que você vai passar muito fácil, sem muita dificuldade.
Isso me lembrou o primeiro Crash, lançado em 1996. Ah, esse tipo de jogo me ensinou uma coisa muito importante: ter paciência – se você vai com muita sede, a falha é certeira. E grande parte da diversão era exatamente isso: o desafio. É preciso que o jogador desenvolva habilidades cognitivas para conseguir completar as fases. A cada novo desafio, uma provação.
E se antes nós sofríamos muito com o temeroso “Game Over”, desta vez temos a opção de jogar de maneira mais branda, onde o jogo é menos impiedoso. É possível reviver com uma máscara Aku AKu ou em um Checkpoint que você encontra pelo caminho.
Desafios à parte das fases, agora temos os Time Trails, onde é preciso completar o percurso no menor tempo possível sem morrer.
Pelos cenários se encontram várias gemas escondidas e fita cassetes jogáveis – para pegá-las é preciso alcança-las sem morrer. Para isso, é importante prestar atenção quando a câmera mostra um panorama do cenário, exibindo os elementos escondidos por ele.
Agora também temos um novo modo de jogo, que adiciona diversão a mais: o N. Verted. Quando você conclui uma fase pode jogá-la novamente, mas com todo o cenário e objetos invertidos, com estilo de arte e paleta de cores diferentes – um verdadeiro mundo invertido de Crash Bandicoot.
Outro ponto favorável aos jogadores é que nas batalhas contra os chefes, quando você morre revive novamente em alguns momentos antes de sua morte, e não no começo da luta.
Além de tudo, o mais divertido de Crash Bandicoot 4 é a história, que se desenvolve como um desenho animado. Isso porque o estilo de arte está mais cartunesco. Embora os diálogos e situações agradem principalmente ao público infantil, o jogador adulto que tem aquela criança que jogava Crash dentro si, há de se divertir também.
A história é ambientada após os acontecimentos do terceiro jogo, Warped (1998). Os vilões Uka Uka, Neo Cortex e N. Tropy estão presos no espaço-tempo. Para fugir, eles criam fendas que modificam a estrutura temporal. Agora é preciso restaurar a ordem no multiverso, e os heróis precisam encontrar as quatro Máscaras Quânticas, guardiãs do tempo e do espaço.
As máscaras são as principais responsáveis pela diversão no jogo, alterando as situações do cenário e criando desafios que exigem agilidade jogador.
A máscara Lani-Loli, por exemplo, altera a percepção da realidade. Usando o comando do controle, você ativa e desativa objetos do cenário – isso pode ser bom ou ruim, tudo depende do seu reflexo.
A máscara Akano faz Crash e Coco girarem sem parar, possibilitando pulos ainda mais altos; Kupuna-wa desacelera o tempo; e Ika-Ika inverte a realidade. Cada máscara aparece no cenário no momento adequado em que as fases vão exigir as habilidades extras para ultrapassar os obstáculos e completar o percurso. Depois que você as utiliza para isso, as habilidades somem.
São cinco personagens jogáveis e é possível alternar entre eles a qualquer momento e personalizá-los com skins que são desbloqueadas à medida que você progride no jogo: Crash, Coco, Dingodile, Tawna e Neo Cortex – os últimos três possuem linhas do tempo distintas, com seus objetivos e estilo de gameplay próprios. As histórias de todos os personagens se conectam em determinado momento.
Crash Bandicoot 4 é um deleite aos fãs da trilogia original. O estúdio Toys for Boys sabe que, às vezes, é preferível manter a essência de um jogo e ao mesmo tempo saber reformulá-lo com uma experiência nova.
Assim, escrevendo uma carta de amor a um game que tem valor sentimental a tantos jogadores do mundo inteiro, se escreve uma carta de amor a eles próprios.
Crash Bandicoot 4: It’s About Time foi lançado em outubro de 2020 para PlayStation 4 e Xbox One.
(Raquel Rapini, do site GEEKNESS)