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Seja sincero, você já começou a ler essa review com um pé atrás, não é mesmo? Um jogo mobile sendo lançado para consoles? Será que isso vai dar certo? Sim, amigo. E muito! A franquia encabeçada pelo famoso agente 47 sempre teve como elemento principal a solução de um problema por diferentes métodos e isso não é diferente em Hitman GO, apesar de ele se apresentar de uma maneira completamente diferente do que estamos acostumados.
A visão em terceira pessoa dá lugar a um tabuleiro, com peças equivalentes ao protagonista, objetos com os quais se pode interagir, obstáculos e o objetivo. Este último, pode variar entre uma linha de chegada e um alvo a ser eliminado. O que não significa simplificação, mas sim, abstração.
Cada fase trata-se de um intricado quebra-cabeça, de um jogo de esconde-esconde, de uma análise entre a posição do personagem e a do inimigo. É quase como um tabuleiro de xadrez, mas com novas peças que são adicionadas a cada fase progredida. No geral, há três objetivos: chegue ao alvo, colete a maleta e um objetivo adicional que pode variar de não eliminar todos os oponentes ou eliminá-los completamente.
É aí que entra a graça da coisa: você começa com um arsenal de ferramentas severamente limitado, como se o jogo desse a você apenas o essencial para entender seu núcleo, o que tem de ser feito. Com um total de seis tabuleiros, cada um deles adiciona duas ou mais ferramentas ou obstáculos que instigam você a resolvê-los só para ver o que vem a seguir.
Primeiro adquirimos uma pedra, com a qual podíamos chamar a atenção dos inimigos para um dos quadrados do tabuleiro. Após isso, se esconder em um arbusto ou uma planta era uma estratégia viável para avançar. No mesmo ritmo, o jogo coloca inimigos que se movimentam, franco-atiradores que bloqueiam certos caminhos do mapa, locais com mais de um andar. É um constante ritmo de auto aprendizado que vicia.
Cada mapa é feito na medida certa para que não seja longo demais a ponto de frustrar. Tampouco curto demais para que o jogador pense que chegou a hora da moleza e que a próxima área ou tabuleiro não vá trazer alguma carta na manga para pegá-lo de surpresa e fazer todo o plano que já tinha em mente ir por água abaixo.
Outro grande apoio para evitar uma possível desmotivação caso o plano de fato falhe está na impressionante conversão que a Square Enix Montreal fez para o PS4, usada para esta análise. As fases são convidativas, trazem uma estética simples sem esconder as informações essenciais, a iluminação é impressionante e os tempos de carregamento são minúsculos. Errou uma fase? É só apertar um botão e em menos de cinco segundos você já está de volta e pronto para outra tentativa.
Existe, porém, um problema na conversão: o controle da câmera. Em momentos de maior “tensão”, como por exemplo estar próximo do alvo, o jogo toma o controle do jogador e altera para uma visão de “ação”, o que nos deixou sem senso de direção e fez com que alguns movimentos falhassem a missão. Em comparação ao brilhantismo de todo resto, sinceramente é um mero detalhe.
Hitman GO não apenas prova que é digno do nome da franquia, mas é também uma lembrança de que jogos para smartphones não devem ser sempre rotulados como simples passatempos para serem jogados na fila do supermercado ou no ônibus. Quando o casamento entre a ambientação, mecânicas e fases inteligentes atinge um equilíbrio quase que perfeito, não é mérito da plataforma, é mérito do desenvolvedor. É de fato a versão definitiva de um jogo que ensina sem punir, que entrega conteúdo de qualidade sem perder a visão da franquia: a de que para todo problema existe mais de uma solução.