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Game não é só mecânica, jogabilidade, ação desenfreada e obstáculos perigosos a todo momento. Há também nos jogos a poesia e um caminho para a gente aprender a respirar e contemplar os pequenos detalhes da vida. Dito isso, eu poderia citar uma lista de títulos que vão de Gris a Journey, mas eu estou falando agora de Far: Lone Sails.
Um jogo despretensioso em questão de jogabilidade, mas muito profundo em experiência. O game é ambientado em um mundo pós-apocalíptico, no qual seu único companheiro é um tipo de barco terrestre, o vento e uma vasta paisagem erma.
Com comandos básicos de pular, pegar e andar, Lone Sails não segue uma história narrada, apresenta um mapa ou diálogos. A narrativa é construída de acordo com o que o jogador desbrava no longo caminho, em que a chegada é incerta e nunca anunciada.
É preciso seguir em frente, experimentando a solitude, recolhendo aqui e ali algum item necessário para mover a locomotiva. Aprendendo a ser paciente e contemplar mais a jornada em si do que a própria chegada.
Isso é o que magnetiza o jogador. Não cabe aqui uma brecha para o tédio. Sem querer, a gente sente o impulso de seguir adiante: onde isso vai chegar? Vou encontrar alguém pelo caminho em algum momento? Sou o último ser humano da civilização?
Tudo é muito intuitivo, e na mesma medida estimulante. Desprovido de nome, passado, ou qualquer pista de identidade, o jogador encarna a pele de um simples viajante, aventureiro, em busca de sabe-se lá o quê. E isso acaba nem importando, o prazer é seguir guiado pela curiosidade e impulso.
As ambientações steampunk são primorosas, com gráficos bem delineados, carregado nos tons de cinza e preto. E o caminho é traçado a partir de pequenas pistas do que foi a humanidade um dia, em contraste com a imensidão do nada.
Lone Sails consiste em caminhar em um mundo sem palavras e profundo em significado. A única função do protagonista é simplesmente manter a locomotiva em ação, e encontrar soluções para obstáculos criados por escombros ou pela própria natureza em fúria.
É daqueles títulos que te dizem muito sem entregar nada. Que você sente na pele. E que induz uma reflexão e aprendizado enquanto você nem percebe.
A desenvolvedora suíça Okomotive mostra que um jogo também é sentimento. E que você não precisa de recursos megalomaníacos para marcá-lo no coração do jogador para sempre.
Far: Lone Sails foi lançado originalmente pela Mixtvision em maio de 2018 para PC e em abril de 2019 para PlayStation 4 e Xbox One.
(Raquel Rapini, do site GEEKNESS)