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Darksiders: Genesis é uma nova empreitada na franquia que já fez bastante sucesso com três jogos lançados para PC, Xbox 360, PlayStation 3 e mais recentemente para o Xbox One e PlayStation 4. Diferente dos outros jogos da série, este game não traz ação em terceira pessoa (hack’n slash), mas sim um estilo com visão de cima, como Diablo e outros jogos do gênero.
Esta adição a um outro gênero tem seus prós e seus contras. Entre as novidades está a possibilidade de jogar com um amigo em modo cooperativo, por exemplo. Mas infelizmente isso não segura o game como um todo.
Apesar de a série ser bem interessante, ter uma arte legal e ter proporcionado muita diversão no passado, este novo game deixa a desejar em alguns aspectos. E a gente vai discorrer sobre eles.
Darksiders: Genesis não é necessariamente um game ruim, mas é apenas mediano. Tudo ali supostamente era para funcionar bem. Mas não funciona. A história acompanha uma infindável batalha entre o céu e o inferno, característica da série, mas caiu em um limbo que mescla piadas nada engraçadas e personagens enfadonhos que tiram todo o clima obscuro da trama.
O enredo diz respeito às ações de Lúcifer, o rei-demônio enigmático e enganoso, que perturba o Equilíbrio, concedendo poder para dominar demônios por todo o Inferno. Guerra e Conflito (dois dos Cavaleiros do Apocalipse) devem caçar esses mestres, coletar informações e, finalmente, abrir caminho através de uma conspiração emaranhada e demoníaca que ameaça perturbar para sempre o equilíbrio e desvendar toda a criação.
Porém, heróis que fazem piadinhas com demônios enquanto devastam hordas ou batalham com gigantescas criaturas das trevas não oferecem muita credibilidade. A coisa fica pouco crível, fraca. E a história se baseia basicamente nisso – e consequentemente não traz qualquer atração a mais além do genérico.
O modo cooperativo funciona bem, há diversas habilidades e tipos de golpes para usar e abusar contra hordas de inimigos distintos ao longo da aventura. A jogabilidade segue uma mistura entre os jogos ARPG (RPG de ação) e hack’n slash em terceira pessoa, em que pancadas e movimentação são bem fluídas, o personagem pula e uma habilidade especial complementa a outra para detonar demônios.
No entanto, muitos elementos acabam com a diversão de quem é fã dos jogos estilo Diablo. Para começar, não há um minimapa, e para conseguir orientações de onde ir e o que fazer é basicamente uma zona. Fica bem difícil entender o que está acontecendo, quando e onde. Isso torna as coisas muito frustrantes. Você basicamente anda por aí detonando monstros e torce para estar no lugar certo. Não há um senso de direção.
Os ângulos das câmeras também não ajudam: são estranhos. Às vezes muito distantes, às vezes escondem passagens do mapa ou a atrapalham mais do que ajudam. E o pior: não dá para movê-la para ajudar a ter uma experiência melhor.
Além disso, a escolha de dividir a tela verticalmente (e só) para jogar em co-op é horripilante. Quem já jogou Diablo em modo cooperativo se sentirá profundamente incomodado com isso. Mesmo porque o jogo traz muitos elementos na tela e muitas vezes nem dá para saber onde ir. Imagine com metade da tela cortada para cada jogador (mesmo eles estando lado a lado). Até jogos extremamente simples e independentes como Streets of Rogue trabalham isso extremamente melhor.
Há alguns quebra-cabeças no meio da aventura, mas eles são bem chatos e desinteressantes. A parte legal mesmo fica para a jogabilidade de ação, pancadaria, uso de poderes, pulos, tiros, explosões, demônios gigantes e especialmente a possibilidade de se mover com o cavalo, que ajuda bastante na hora de “agilizar” as coisas.
São diversas habilidades a serem destravadas, alguns visuais, e a fúria que vai se acumulando para desferir poderes mais detonantes. E ainda um modo Colosso, quando você acumula fúria e pode se transformar em uma criatura mais detonante. Em especial, bom para enfrentar os chefões parrudos que o game oferece.
A parte gráfica e p design dos personagens continuam bem legais. Tanto os personagens principais, quanto os NPCs (personagens não jogáveis), monstros e chefões são muito interessantes visualmente e também na jogabilidade (oldschool, enormes e difíceis de matar) – assim como os mundos onde o game é ambientado.
Resumindo, Darksiders: Genesis tinha muito potencial para ser um jogo excelente. Especialmente pelos seus jogos anteriores, toda a carga de cada personagem, mundo infernal, elementos obscuros e toda a diversão que os outros games da saga tinham. Queríamos ter amado este game, mas infelizmente decisões do game design atrapalharam e muito o produto final, tornando-o muitas vezes entediante e frustrante de jogar.
(Flávio Croffi, editor do site GEEKNESS)